quinta-feira, 11 de julho de 2013

Caridade na Umbanda.

Todos nós sabemos que a base da Umbanda é a caridade. Tanto a caridade espiritual que consiste em ajudar direcionando os que vem em busca de auxilio, quanto material em forma de obras assistenciais.
Mas será que entendemos a verdadeira importância da caridade?
Será que realmente entendemos as palavras do nosso Mestre quando diz: "Fora da caridade não há salvação"?

Analisando alguns terreiros pude notar de forma mais generalizada dois tipos de umbandista. Os que fazem e os que querem. Os que fazem normalmente são pessoas que estão na religião com o intuito de somar, buscando sempre dar o seu melhor e levar com o coração o nome da Umbanda. Os que querem acabam entrando nas fileiras mediunicas com o pensamento que quão mais próximos estiverem dessa religiosidade mais poderão conseguir benefícios para suas vidas. E é nessa hora que as coisas se invertem pois os que fazem acabam conseguindo muito mais do que os que querem.



Fica claro que é o trabalho pelo amor e não pela recompensa que gera a "premiação" pois essa premiação se chama MERECIMENTO e quanto menos você almejar esta premiação mais você merece.

Parece ilógico pois vivemos em um mundo onde tudo gira em torno da troca e não da caridade que praticamos somente com o ato de doar. O conceito de doação ainda é muito complicado para maioria das pessoas. Dar sem esperar no retorno do que foi feito. Fazer pelo outro sem querer a bonificação ao termino.

E existe uma diferença ainda maior entre os que fazem e dos que querem. Os que fazem, ao conseguir algo pelo seu merecimento, são gratos pois todo que eles fezeram foi de coração. Já os que querem, ficam comparando o trabalho que tiveram com a graça alcançada e em muitas das vezes saem insatisfeitos pois sempre acham que fazem do que são reconhecidos.

Os que fazem sempre vão ter muito trabalho pois eles são poucos mas os que fazem não ligam para isso pois sempre estão dispostos a trabalhar, a doar. Os que querem vez ou outra param para pensar e algumas vezes, com ajuda da religiosidade acabam trocando de "time".

Temos sempre que lembrar que Umbanda é sinônimo também de caridade e por isso, quanto mais estivermos engajados nessa luta, quanto mais os valores Umbandistas forem em comuns com os nossos, mais Umbandista nós seremos.

A luta continua, e ainda temos muitos postos para novos soldados de Oxalá armados até os dentes com disposição e amor a esta religião tão maravilhosa que é a nossa Umbanda.

sábado, 1 de junho de 2013

Nosso verdadeiro templo

Realmente, a religião de Umbanda é uma religião diferenciada. Por todas em que passei antes de conhece-la nunca encontrei nada igual. Depois de nos tornarmos Umbandista, uma simples visita a praia não é só um momento de descontração. Mesmo sem estar com os irmãos de fé, antes de entrar no mar reverenciamos o oceano que hoje sabemos é um orixá vivo e quando entramos em suas águas pedimos que nos purifique e leve toda energia negativa, renovando nossas forças. É um momento sagrado.



Ao depararmos com uma mata, conseguimos escutar as varias vozes de nossas divindades. Pedimos licença pois aquela mata não é mais um simples amontoado de plantas. Ali é nosso verdadeiro terreiro. Ali é nosso verdadeiro templo pois tudo que é de mais sagrado está contido naquele lugar. Logo que adentramos, escutamos os pássaros cantando dando as boas vindas. Ao longo do caminho uma verdadeira farmácia natural. As arvores nos presenteiam com sua sombra como mãos zelosas de uma mãe preocupada. Cachoeiras, verdadeiros pontos de reenergização. Pedreiras, cumes, flores, perfumes, cores. Simplesmente a casa dos Orixás. 

Ficamos espantados como cada momento que antes passava tão despercebido, agora são verdadeiras experiencias religiosas e pensamos como a Umbanda pode trazer isso de volta sem que nem percebêssemos.

Mas a Umbanda não se resume somente ao que é "natural". Andando pelas ruas, as encruzilhadas não são mais simplesmente ruas que se cruzam. Os cemitérios passam a ser mais que simples locais de repouso do corpo já sem vida. Parece que tudo fica mais sagrado. Começamos a ver o mundo de outra forma.

A Umbanda nos ensina a ver o obvio. Que tudo é sagrado. Tudo faz parte de Deus. A Umbanda abre nossos olhos para o pensamento mais logico. "A TERRA É SAGRADA". Afinal, é nosso planeta, é nossa casa. É onde moramos. É nossa historia. Onde estão as forças que cultuamos. E é por esse "simples detalhe" que temos que cuidar muito bem do nosso planeta. Ele é o nosso sagrado. O terreiro mais importante de todos. 

Quando jogamos um papel na rua, provocamos queimadas por descuido, poluímos nossos rios e mares, estamos desrespeitando nossa religião, nossos Orixás e a Deus. Cuidar do nosso mundo é como fazer uma prece/oração, é religar a DEUS. 

Pensem sempre nisso.


terça-feira, 16 de abril de 2013

Milagres de Umbanda


Muito se fala da Umbanda. Fala-se dos benefícios fáceis que ela trás para seus filhos e freqüentadores. Curas milagrosas. Melhorias repentinas da vida sentimental e profissional. Podemos dizer que quando permitimos vivenciar a Umbanda algumas mudanças acontecem rapidamente. O respeito ao diferente, ao velho, ao negro, a mulher, a natureza. Isto acontece porque a Umbanda ensina algumas coisas sem percebermos. Reverenciamos as entidades que trabalham nas linhas como Pretos Velhos, Caboclos, Baianos, Boiadeiros, Crianças, Malandros, Exus, Marinheiros, Ciganos e fazendo isso aprendemos a respeitar e entender os valores que estas entidades trazem.


Então concluímos que na umbanda as coisas são realmente fáceis? Para os que vêm em busca de mudanças milagrosas, posso dizer que perderam viajem, pois ao contrario do que dizem, não existem estes tais “milagres” dentro da Umbanda. Quando ouvimos casos que um enfermo que veio a um terreiro e se curou, significa que ele aprendeu como enfrentar e buscar soluções para conquistar a cura. Quando um casal desacreditado fortalece seu amor após procurar uma casa de umbanda houve uma modificação que ambos se comprometeram visando o respeito, dialogo e amor entre os dois. Quando um trabalhador consegue melhorar suas condições profissionais buscando auxilio da espiritualidade, esta pessoa aprendeu a valorizar suas habilidades e a explorar o melhor de si. Umbanda é escola de vida. Ela mostra as ferramentas que temos e nos ensina a usar. A umbanda nos mostra o caminho e nos ajuda a dar o primeiro passo. Ela nos ensina a tomar as rédeas de nossa vida e a conduzirmos para onde quisermos. A umbanda nos ensina a ter fé e perseverança para enfrentar e entender as dificuldades. A umbanda ensina.

Tendo seu patrono, Táta da umbanda Ogun, só podemos dizer que a umbanda forma guerreiros que lutam por um mundo melhor tanto para nós quanto para os outros. Mostra a  ver o mundo de outras perspectivas e é exatamente por isso que podemos afirmar que o único milagre da umbanda é a força que brota do amor que nos impulsiona a seguir mudando e fazendo diferente.

  

quinta-feira, 14 de março de 2013

Cruz. Pesada demais?


“Eu sofro muito”. “A vida não é justa comigo”. “Por que eu?”, “O que eu fiz para merecer isto?”. Quem nunca disse alguma frase semelhante a essas em momentos difíceis da vida? Quem nunca questionou, mesmo que por um segundo o “por que” de situações de dificuldade? Uma doença grave. A perda de um ente querido. Dificuldades financeiras. Emfim. Situações que nos trazem algum tipo de sofrimento. Nesse momento desejamos que tais situações não passem de um pesadelo que em breve possamos acordar seguros em nossas camas. Só que o tempo passa e não “acordamos”.

Logo apelamos para Ele: “Deus. Tire este sofrimento da minha vida.”.

Mas lembremos: “E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo.” (Lucas, 14:27)

Esquecemos do porque estamos vivos. Esquecemos que cada um tem um propósito de continuar trilhando as estradas da encarnação e que como toda estrada, estamos fadados a encontrar dificuldades maiores ou menores dependendo de qual é o nosso destino.

Certa vez, conversando com um velinho muito sábio, ele me disse que todos os caminhos são bons. Até aqueles que não escolhemos bem, pois todos os caminhos nos trazem ensinamentos e estes não se lêem em livros e nem se aprendem com terceiros. Que quem sabe enxergar em uma situação de sofrimento uma oportunidade de crescimento aprendeu um dos mais importantes sentidos da vida.

Podemos dizer que na vida cada um carrega uma cruz. Mas o que este símbolo representa? Antes de Jesus a cruz era um símbolo de morte, de dor e de sofrimento. Depois de tudo que Jesus passou a cruz representa um símbolo de superação, de entendimento, de fortalecimento.

Mas a cruz não mudou. O que mudou foi à postura que assumimos diante dela e é a atitude que muda tudo, é como nos postamos diante da vida.

Então, antes de negar a cruz que pesa sobre os ombros e reclamar que ela é pesada demais, lembre do propósito de carregá-la. Busque fortalecer a fé em Deus a cada dia.

O novo Papa Francisco I disse já em sua primeira declaração como pontífice da igreja católica: “Lembrando uma passagem do Evangelho em que Pedro diz que segue Jesus, o filho de Deus, mas sem a Cruz, o Papa afirmou que “quando caminhamos, edificamos e confessamos sem a cruz, não somos discípulos do Senhor”.

Nós umbandistas somos privilegiados, pois temos a voz da espiritualidade para nos guiar, nos acolher e nos abraçar nos momentos de temor. Eles ajudam a renovarmos nossa fé. Não são todos que tem essa oportunidade. Então vamos aproveitar com todo o coração estes momentos únicos de contato com entidades de luz que sempre estarão ao nosso lado.

Vamos trocar estas palavras de lamentação por palavras de agradecimento pois na verdade, as vezes temos muito mais do que merecemos. 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Egregoras, cuidados e importâncias

Vemos em diversos lugares muitos religiosos falando sobre egregoras e a necessidade de nos ligarmos a boas egregoras. As vezes fica um pouco complicado de entender como elas funcionam. Se elas são boas ou ruins. Vamos entender. Todas as egregoras estão associadas a coletividade. Elas são geradas pelo somatório de energias físicas, mentais e/ou emocionais. Isso nos remete a lembrar das palavras de Cristo. "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estarei Eu no meio deles (Mt 18, 20)". Quando nos reunimos com qualquer finalidade, estamos formando uma egregora.

Sendo assim qualquer grupo de pessoas reunidos com a mesma finalidade formam uma egregora. Clubes, empresas, casas religiosas, etc, e a formação destas egregoras ajuda a trazer para o mundo fisio as realizações no mundo não físico gerada por esta coletividade.

Estas egregoras, quando geradas e alimentadas são capazes de influenciar o ambiente e as pessoas que estão a seu redor.  Um centro umbandista está ligado a uma egregora pois todos os membros de todos os centros umbandistas estão vibrando a mesma energia de trabalho, caridade, amor, etc. Por consequência, todos as pessoas, quando adentram em um terreiro sentem esta energia no ar. Se sentem ao entrarem uma paz, uma calma diferente do dia a dia.

Afinal onde se encontra essa egrégora quando entramos em um centro umbandista? No chão? nas paredes? Sim. E também nos frequentadores, nos médiuns e cambonos, nos espíritos que ali se manifestam, no nome da casa. Muitas pessoas voltadas para a mesma finalidade. Eis ai a concentração de energia que forma essa egregora.

Mas até agora falamos só dos casos em que se forma egregoras boas. Entretanto elas também são formadas de forma negativa. Quando sentimos raiva ou desejamos o pior para outra pessoa também nos conectamos a egregoras desta vez negativas que nos alimentam a continuar nessa sintonia. Quando percebemos que estamos nos conectando a estas egregoras, devemos mudar nossos pensamentos e condutas a fim de nos religarmos a egregoras que trarão benefícios a nós e aos que nos rodeiam.

Para isso devemos sempre Orar e Vigiar.

Uma das sintonias mais pesadas que nos aprisionam em gregoras fortíssimas é o apego. Quando falamos de apego nos remetemos quase sempre a bens materiais. Não é verdade? Mas alem de bens e dinheiro, temos ciumes, sentimentos de posse por outra pessoa. Esse apego é tão serio que pode virar uma doença que acaba com a vida de quem se liga a essa energia e de quem é o alvo deste sentimento.

Lembremos do filme "Senhor dos anéis", o personagem Smigol tem uma fascinação pelo anel de poder e refere a ele como "precioso" sendo coisa mais importante de sua vida. Pode ser uma forma bem exagerada de ver esse apego, mas acredito que algumas pessoas quase chegam a esse nível de loucura.

Então é preciso refletir e buscar o que realmente é útil e necessário.

Depois de analisar nossos pensamentos e comportamentos, procurar arrependimento dos nosso hábitos ruins e nos comprometermos a modificação, devemos procurar egregoras que vão nos ajudar neste processo.

A egregora umbandista é muito forte e se fortalece a cada dia. Quanto mais pessoas se propuserem a somar nas fileiras desta causa, mais e mais poderemos levar ao mundo inteiro a bandeira de nossa querida Umbanda.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Força é Deus quem dá

Com esse clima de quaresma continuo em reflexão sobre tudo que venho fazendo e sendo dentro da Umbanda. Já não sou mais um neófito mas também não me desponto com décadas servindo a religião. Certa vez vi um vídeo na internet falando que somos neófitos até quase 7 anos de terreiro e que nessa media de tempo a fascinação toma conta dos nossos passos e queremos vivenciar com muita cede essa religiosidade. Depois disso que a realidade bate a nossa porte e podemos realmente nos considerar Umbandistas. Realmente depois de um tempo passamos a ver as coisas com outros olhos e conseguimos ver a real beleza de tudo que fazemos e vivenciamos.

Aprendemos a conhecer a verdadeira essência das entidades e sentir com o coração tudo que aquilo representa em nossas vidas.

Por que digo isso? Dias atras eu me deparei com um desanimo surpreendente. Comecei a questionar muitas coisas. Más condutas de irmãos que deveriam ser exemplo. O uso da hierarquia para imposição de ideias. E isso dentre outras coisas. Confesso que foi me desanimando. Eu sabia que não devia me desanimar com coisas tão ínfimas. Sabia que tinha que me fortalecer na espiritualidade que cuida tanto da gente. Então, aos pés do peji me pus em oração. 

"Me ajudem. Eu não quero fraquejar."

Eu sabia que logo alguma coisa iria acontecer. Fiquei esperando. A reunião começou e nada de diferente. As entidades começaram a descer e fiquei no aguardo que alguma delas me chamasse para prestar o "socorro" ao qual tinha eu pedido. Mas nada aconteceu. Então me concentrei para receber o preto velho que trabalha comigo. Os trabalhos transcorreram bem como de costume. Quando ao fim de tudo, antes de meu querido pai "subir", ele mesmo começou a me aconselhar. Foram palavras de consolo. Palavras de incentivo e palavras de reflexão. Quando ao termino disso tudo disse a ele. "Não esperava que fosse o senhor que viesse me auxiliar." e veio a resposta "Quem melhor que eu, que trabalho com você a tantos anos para dizer o que é preciso ouvir. Fique com a paz de Oxalá meu filho querido." e se foi.

Minha surpresa foi enorme. Já avia trocado algumas palavras com ele em outras ocasiões mas nunca dessa forma. O mais importante é que me enchi de força e animo para continuar minha jornada.

Agradeço a todas as forças por nunca me desamparar. Serei eternamente grato ao amparo que recebo dia apos dia.

Resolvi escrever este texto pois percebo que muitos de meus irmãos, não só do centro que frequento vem desanimando da religião por coisas que na realidade não pertencem a religião. No entanto elas estão presentes em todos os lugares, inclusive dentro dos templos religiosos. Por isso, busquem forças no que realmente fortalece e no real motivo de estarmos na estrada que estamos.

Força meus irmãos pois a Umbanda é feita de luta.

Que a paz de Oxalá esteja com todos nós. 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Meus heróis


Nossa caminhada é longa e cheia de armadilhas que vez ou outra acabamos caindo e a pior armadilha é aquela que armamos para nós mesmos. Nos iludimos, nos encantamos, nos enganamos. Vemos nossos pais, parentes e amigos como heróis e como nossos heróis nos decepcionam, pois como nós, eles também estão passiveis a erros. Julgamos a vida ser mais cruel do que merecemos. Nossas tentativas de luta contra nossos vícios do egoísmo e orgulho são insuficientes. E vamos seguindo sem perceber o cansaço.

“Ora. Sou apenas um pobre homem.”

Questionamos nossa fé, nossas crenças. O céu perder o brilho e a comida perde o gosto. Parece que somos apenas passageiros de uma jangada no meio do oceano.  Mas é nesse momento de solidão no meio desse mar de gente é que acabamos olhando para dentro.


Por mais enfraquecida que esteja nossa fé, quando ouvimos os atabaques abrindo os trabalhos o brilho volta aos olhos. Quando o caboclo vem das matas como guerreiro invencível entoando seu brado um arrepio toma todo nosso corpo de tamanha emoção. Quando as crianças chegam do jardim da vovó, um sorriso irresistível brota como mágica em nosso rosto. Quando nossos queridos pretos velhos vem descendo a serra e aquele aroma de cachimbo toma conta do ambiente sentimos um aconchego indescritível. Na gargalhada do exu sabemos que ali está um grande amigo. É nessa hora, mesmo sem uma palavra, sentimos vergonha de ter questionado nossa fé ,nossa crença e somente estes pequenos momentos são suficientes para renovar tudo que achávamos ter perdido. Isso acontece porque somos umbandistas e só um verdadeiro umbandista entende estes pequenos momentos. É a certeza que nunca deixa de bater dentro do coração. A certeza que eles sempre estarão ao nosso lado e mesmo depois de muitos erros quando olharmos para o lado lá estarão às mãos amigas estendidas para nos ajudar a levantar.

E se você tinha alguma duvida ou nunca havia pensado nisso, nessa hora você sabe.

Eles são meus melhores amigos. Eles são meus heróis.